ALDO CALVET

 

BIOGRAFIA : DRAMATURGIA INDEX : DRAMATURGIA


O POBRE DOS CAMINHOS






Gênero:                

  1. Auto de Natal

  2. Tempo cênico único

  3. (Adaptação dramática sobre versos de Silva Tavares e Ribamar Pereira)

PERSONAGENS:

  1. CANTADOR

  2. PASTORA

  3. CAMPÔNIO

  4. CAMINHEIRO


CENÁRIO:

  1. Uma rotunda azul domina todo o palco sobre a qual se projeta a paisagem pitoresca de uma vila ou de um vilarejo. Rampas à D. e à E..

  2. À margem do proscênio, o Cantador de viola solta ao vento dispersa seus dissabores ou seus cismares numa cadência repetida. É noite. Lá longe repicam sinos festivos. É uma transposição evocativa desse violeiro.


TRECHOS:

  1. “CANTADOR – ( Canta )       Que miséria

  2. Que desgraça

  3. Que pobreza

  4. Faz horror!

  5. De morte a fome ameaça

  6. O caminheiro que passa


  7. Deus o salve,

  8. Meu senhor!

  9. Deus o salve,

  10. Meu senhor!


  11. Nesta noite de bonança

  12. Deus salve também nossa fé

  13. No plantio do café.

  14. Deus que nos dê esperança

  15. É tudo que tem na roça

  16. Além de talos de milho em pé.


  17. E, no mais, o que resta é uma joça

  18. Dentro e fora da palhoça.

  19. E, no mais, o que resta é uma joça

  20. Dentro e fora da palhoça.


  21. ( Falando ) Certa noite, junto a mim, não sei se estava dormindo ou acordado, mensageiros sem fim cantaram este hino de amor:

  22.                       ( Canta )  :                          

  23.                                 Esta noite tão formosa

  24. Noite de Natal

  25. Noite esplendorosa

  26. De ventura universal.

  27. Em riba de palhas deitado

  28. O Santo Menino eu vi

  29. Era o Messias amado

  30. Que nascera ali.

  31. Se estava desperto

  32. Nada posso adiantar

  33. Dormia, por certo,

  34. Ao fulgor da luz do luar.

  35. De repente, que alegria!

  36. Jesus sorria, sorria...

  37. E com olhos a luzir

  38. Contente, eu lhe pedia

  39. Que me viesse acudir.

  40. A seu lado,

  41. Com grande fé,

  42. Estava deitado

  43. O carpinteiro José.

  44. Maria

  45. Era toda compunção.

  46. Iluminada, alumiando o clarão.

  47. Maria,

  48. Banhada de luz,

  49. Ajoelhada dizia:

  50. Jesus! Jesus! Jesus!

  51. ( Escurece )

  52. ( Iluminação no palco )” ...




  53. “CANTADOR – ( Canta )     Em meio do deserto

  54. Ao longo de uma estrada

  55. Matizada de alvor

  56. Do céu resplandecente

  57. Pequenina choupana,

  58. Humilde e arruinada

  59. Tão logo se alegrava

  60. E se enchia assim de gente.

  61. Há harmonia do vento,

  62. A lânguida toada

  63. Do canto pastoril

  64. Do bando penitente

  65. Ouvia qual prece

  66. Ardente, murmurante,

  67. Junto ao berço de Deus,

  68. Menino Onipotente.

  69. Os prados e as campinas

  70. Se cobrem de muitas flores,

  71. Fulge o sol no nascente

  72. E a vida, de repente,

  73. Transforma o casebre em ruínas

  74. Num ingente templo de esplendores

  75. E o povo, ali, sentia,

  76. Em êxtase de fé,

  77. O carinho das mães

  78. No riso de Maria

  79. E a ternura dos pais

  80. No olhas de São José.

  81. E o povo ali sentia

  82. Grande profissão de fé

  83. No sorriso de Maria

  84. E no olhar de São José.”