ALDO CALVET
ALDO CALVET
Gênero:
Auto de Natal
Tempo cênico único
(Adaptação dramática sobre versos de Silva Tavares e Ribamar Pereira)
PERSONAGENS:
CANTADOR
PASTORA
CAMPÔNIO
CAMINHEIRO
CENÁRIO:
Uma rotunda azul domina todo o palco sobre a qual se projeta a paisagem pitoresca de uma vila ou de um vilarejo. Rampas à D. e à E..
À margem do proscênio, o Cantador de viola solta ao vento dispersa seus dissabores ou seus cismares numa cadência repetida. É noite. Lá longe repicam sinos festivos. É uma transposição evocativa desse violeiro.
TRECHOS:
“CANTADOR – ( Canta ) Que miséria
Que desgraça
Que pobreza
Faz horror!
De morte a fome ameaça
O caminheiro que passa
Deus o salve,
Meu senhor!
Deus o salve,
Meu senhor!
Nesta noite de bonança
Deus salve também nossa fé
No plantio do café.
Deus que nos dê esperança
É tudo que tem na roça
Além de talos de milho em pé.
E, no mais, o que resta é uma joça
Dentro e fora da palhoça.
E, no mais, o que resta é uma joça
Dentro e fora da palhoça.
( Falando ) Certa noite, junto a mim, não sei se estava dormindo ou acordado, mensageiros sem fim cantaram este hino de amor:
( Canta ) :
Esta noite tão formosa
Noite de Natal
Noite esplendorosa
De ventura universal.
Em riba de palhas deitado
O Santo Menino eu vi
Era o Messias amado
Que nascera ali.
Se estava desperto
Nada posso adiantar
Dormia, por certo,
Ao fulgor da luz do luar.
De repente, que alegria!
Jesus sorria, sorria...
E com olhos a luzir
Contente, eu lhe pedia
Que me viesse acudir.
A seu lado,
Com grande fé,
Estava deitado
O carpinteiro José.
Maria
Era toda compunção.
Iluminada, alumiando o clarão.
Maria,
Banhada de luz,
Ajoelhada dizia:
Jesus! Jesus! Jesus!
( Escurece )
( Iluminação no palco )” ...
“CANTADOR – ( Canta ) Em meio do deserto
Ao longo de uma estrada
Matizada de alvor
Do céu resplandecente
Pequenina choupana,
Humilde e arruinada
Tão logo se alegrava
E se enchia assim de gente.
Há harmonia do vento,
A lânguida toada
Do canto pastoril
Do bando penitente
Ouvia qual prece
Ardente, murmurante,
Junto ao berço de Deus,
Menino Onipotente.
Os prados e as campinas
Se cobrem de muitas flores,
Fulge o sol no nascente
E a vida, de repente,
Transforma o casebre em ruínas
Num ingente templo de esplendores
E o povo, ali, sentia,
Em êxtase de fé,
O carinho das mães
No riso de Maria
E a ternura dos pais
No olhas de São José.
E o povo ali sentia
Grande profissão de fé
No sorriso de Maria
E no olhar de São José.”
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