ALDO CALVET

 
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COMENTARIOS NA IMPRENSA


CARTA DO POETA E ESCRITOR

JOÃO CHRISOSTOMO DE SOUZA

(PSEUDÔNIMO DONCRI)

DIÁRIO DO NORTE 19.3.1939


CARTA ABERTA

Meu caro Calvet

Devo a sua gentilesa a posse de um exemplar, que me offertou de “KATALINA”, alta comedia, que vosse acaba de atirar a voracidade do publico ledor e dar, de publico, um alto testemunho de sua capacidade intellectual.

De que lhe diga,de primeiro, que foi, assim, meio desconfiado que comecei a ler o seu livro, não sem acreditar, todavia, no que sobre elle expende, com renomada responsabilidade do seu nome, Antonio Lopes, esse luminoso esbanjador de bellesas, o perdulário do pensamento creador!

Mas . . . a proporção que devorava as paginas de “KATALINA”, ia-se-me espraiando pelo espírito o sentimento de justiça e de amor ao seu trabalho, tanto que, ao termino, vibrei, servindo-me do conceito d’esse amável Antonio Lopes com a máxima exaltação voluptuosa d’arte livre e de bellezas pagan:

Que vosse, meu caro patrício, “discute uma these social, focaliza um meio, movimenta personagens que teem vida e encerra scenas por vezes de verdadeiro interesse dramático”!

Esta certo Os seus personagens vivem a nossa vida na trepidação vertiginosa da actualidade enebriante e, certamente, encontramos de proa, a cada passo, com uma “KATALINA” na luxuriosa ebriez de um amor vadio!

E a vida que passa, vivida sempre por quem a sabe viver na sensação de gosos que todos os sentidos se lhe offerecem, e e porisso mesmo que “KATALINA” focaliza um meio e discute uma these, encerrando scenas pungentes do grande drama da Vida!

Que os pulhastras roncadores de critica acerba no atacar e espicaçar o trabalho alheio pela volúpia apenas de malsinar, incapazes, todavia, de fazerem igual, - torçam a focinheira e digam algo de pejorativo de “KATALINA” – na linguagem clhorotica dos despeitados – não importa. O despeito no ataque e sempre um estimulo. Vosse realiza uma obra real, palpitante, palpável, humanamente sentida, sentidamente humana. E diga, como Coelho Netto, - o ataque não o encommoda-eo elogio não no envaidece. Caminhe e trabalhe. Caminhar e vencer, Trabalhar e realizar o sonho de bellesa creadora e de felicidade perenne. E o homem. O homem bom que Platão idealizara para a sua republica. E, pelo resumo de Henry Thomas – o homem bom, o homem feliz, - pois ser feliz e ser bom, e sempre o homem justo, o homem harmonioso, o homem que almeja a bellesa e ambiciona cria-la, quer em descendência viva, quer em obras de arte, quer em nobres accoes. Bellesa e a senha de immortalidade. Criando uma obra de bellesa  – vencemos a morte”

Meu caro patrício. Continue a trabalhar e a ter fé e coragem sobretudo. Porque, na phrase de Antonio Lobo, a fé tudo premia e a coragem tudo vence.

Seu, com todas as veras,

DONCRI