ALDO CALVET

 
Aldo Calvet teatro dramaturgia Katalina DIARIO DO NORTE - EDMO LEDA
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DRAMATURGIA : KATALINA


COMENTARIOS NA IMPRENSA

PUBLICADA EM SAO LUIS (MA) 1938

DÍARIO DO NORTE - EDMO LEDA


Ontem, lendo KATALINA, lembrei-me, por uma sucessão de idéias, dum livro de Henri Bordeaux que li ha muito tempo. Não me recordo siquer do titulo que me passou despercebido. Mas sinto, com aguda penetração, a alma da extranha novela do grande romancista francês. Lembro-me bem, e fiz mentalmente a comparação: a peça de Aldo Calvet e o livro de Bordeaux. Vi, personificada, vivendo a alma e o corpo de Katalina, essa Therese do romance francês, procurando anciosamente redimir-se no amor-libertação. Depois vem a paz, o repouso, a quietude e o leitor fica com uma sensação exquisita de descontentamento. Parece-nos que o livro não agrada, agradando. Entretanto, elle teve a força de nos transmitir esta impressão, levando-nos a dúvida a alma. Não ficamos satisfeitos com os personagens. Já e uma grande, pois esta insatisfação foi-nos causada por uma aparencia qualquer........................involuntariamente ...................alguns delles....................................................................................................................................................................................................................fez theatro real,sin ......talvez os especialistas possam catar defeitos aqui e ali na sua peça. Porém ser-lhes-a dificultoso negar a absoluta sinceridade com que foi escripta.

Com desbragada ousadia, Aldo Calvet transladou para a sua peça, a vida elegante dos nossos bordeis, o que não vi algures mesmo entre os theatrologos menos conservadores como Joracy e outros.

Ha pouco li na consagrada “Revista do Brasil”, um ligeiro esboço critico de Augusto Frederico Schimidt sobre Mauriac e Lorca, o poeta e theatrologo espanhol fuzilado pelo Terror Branco, na terra de Unamuno. Diz o Augusto: “A leitura de duas peças do Theatro Moderno (seguem-se os nomes e os autores) que fiz ha alguns messes passados, convenceu-me completamente de que a decadência, a famosa decadência da arte theatral, tão propalada, não passa, na verdade, de uma crise de autores, nestes tempos de uma ausência de autores capazes  de elevar o theatro contemporâneo e conduzi-lo de maneira vigorosa e original”. Na minha opinião, nada mais falso. Autores ha por ahi. E bons. Falta-lhes entretanto, o ambiente necessário. Hoje, os embaraços são múltiplos, e por cima, o interesse commercial, o fraudulento interesse commercial de nossa época, incomparável com a arte, vive tolhendo-lhe os passos, como o impecilho mais forte ao seu desenvolvimento. Cumpre aos artistas modernos, um esforço desesperado com o fim de libertar a arte dos malefícios que lhe traz o fenômeno da industrialização. E só podem libertar-se ................................................................... procurando...........................................................................

Os seus fins, com intuito de evitar a absorção imminente pelo surto industrial. O que nos mostra com claresa uma situação interessante, e apparentemente paradoxa, gerada pelo mundo moderno: A arte, a procura de novos horizontes, de vida e de desenvolvimento, em choque com as forças econômicas, produzindo a litteratura social, a litteratura de objetivos premeditados.

Eis as observações que pude fazer a margem de KATALINA, a interessante peça que Aldo Calvet escreveu e que a empreza “Gráfica Tribuna Limitada” editou.