ALDO CALVET
ALDO CALVET
PUBLICADA EM SAO LUIS (MA)
DIARIO DO NORTE - 11.12.1938
Calvet
Ontem ouvindo o “Tremolo” de Tarrega puz-me a pensar em Katalina. A noite descia a amamentar os craneos. Rosas, rosas de luz desabrochavam no alto e os pingarejos luminosos eram reminiscências vivas do teu sonho.
Vão desfilando as victimas lendárias ... Pandemônios vulgivagas ouvindo a noite accende as lâmpadas do vicio!
“Respirando alalas euripidianos Katalina – alvo perfil – conserva nos olhos ideaes relâmpagos de amor. A linda flor dos pântanos se inclina ao som dos sinos vesperaes, e o vento leva-lhe o sonho em perfumado emballo; leva-lhe a alma, e o novo amante, ausente, reagir procura em vão, em vão procura na aridez dos Gallapagos em que essa a voz do ouvir do esquecimento.
E tarde! Katalina, seu pensamento único, - o espera como o naufrago a onda azul!
Vezes lembra a formosa Katalina “estranha flor de pallida neurosis”!
A multimilionária de talento ao pirilampejar de altos conceitos, dominadora de consciência, vive para a grandeza desta velha Athenas.
Vejo-a no entanto altiva e feiticeira dizendo adeus ao cabaret sombrio; vejo-a fitando o terno amante e vejo que não “tem” coração dentro do peito”.
E um livro feito para a vida e a vida talento exige originalidade.
Sinceros parabéns, - meu grande amigo.
Um grande abraço.
Sebastião Correa
Em 4 de Dez. De 38